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Plano integrado deve acelerar descarbonização de frotas pesadas

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Iniciativa da Necta Gás Natural e Scania conecta uma série de atores da cadeia de biometano e gás natural

 

Roberto Hunoff

 

Fotos Scania, Divulgação

 

A Necta Gás Natural e a Scania uniram forças para promover o evento Scania Day: Rumo à Descarbonização, realizado na sede da montadora em São Bernardo do Campo (SP). A iniciativa apresentou ao mercado um modelo de logística integrado e sustentável, com foco na descarbonização de frotas pesadas, reunindo representantes do agronegócio, distribuidoras de gás, redes de postos, embarcadores de cargas e transportadoras.

 

O projeto possui potencial para ser replicado em todo o Brasil e está alinhado às metas do Plano Estadual de Energia de São Paulo. Reforçando o compromisso do governo com essa pauta, a Assembleia Legislativa aprovou, em 10 de dezembro, a PL 1510/2023 que prevê a isenção do IPVA (Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores) para veículos pesados movidos a gás natural ou biometano, válida para os exercícios de 2024 a 2028.

 

A Necta Gás Natural atua em uma região estratégica que abrange 375 municípios em São Paulo, com proximidade a cinco distribuidoras de gás natural (Comgás, Naturgy, MSGás, Gasmig e Compagás), localizadas em Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Paraná. Em sua área de concessão, existem 135 usinas com alto potencial para a produção de biometano, energia renovável derivada de resíduos como vinhaça, palha e torta de filtro, subprodutos da cana-de-açúcar. Atualmente, a Necta já conecta a Usina Cocal, em Narandiba (SP), e vai integrar a Usina Santa Cruz à sua malha, em Américo Brasiliense (SP), até 2025, com planos de expansão contínua.

 

O CEO da Necta, José Eduardo Moreira, destacou a posição estratégica da companhia no cenário logístico nacional. “Nossa área de concessão possui as principais rotas de escoamento do agronegócio até os portos de Santos e Paranaguá. Nosso papel é oferecer infraestrutura robusta e eficiente, promovendo a transição energética com gás natural e biometano como alternativas sustentáveis ao diesel. Somos agentes integradores que alinham os interesses dos diferentes players do mercado, facilitando a tomada de decisão e promovendo eficiência e segurança logística com menor impacto ambiental”, explicou.

 

De acordo com Bruna Biazzi, gerente de novos negócios, a Necta Gás Natural está na vanguarda da substituição do diesel por gás natural e biometano. “A meta é colocar 2 mil caminhões movidos a gás em circulação em nossa região nos próximos cinco anos”, afirmou. O plano integrado está sendo desenhado pela Necta desde o início do ano, em conjunto com todos os players envolvidos. “Acreditamos que o agronegócio será o grande impulsionador da descarbonização. Essa transformação de fontes de energia mais sustentáveis na logística do agro irá destravar as rotas sustentáveis para muitas indústrias que possuem metas de redução de emissões GEE”, reforçou.

 

A Necta demonstrou que é possível aliar sustentabilidade à economia operacional, comprovando que o gás natural é competitivo em relação ao diesel. O abastecimento pode ser realizado tanto em postos quanto em garagens, com tarifa especial para frotistas. Essa infraestrutura de abastecimento oferece segurança financeira para que os transportadores invistam, apresentando um custo total de propriedade positivo.

 

Bruno Madalena, gerente executivo de ESG na Necta Gás, assinalou que o mercado e os estados estão se organizando para o Certificado de Rastreabilidade do Biometano. “A Lei do Combustível do Futuro trouxe mais tração e clareza sobre como as empresas podem se apropriar do atributo separado da molécula de gás renovável para a descarbonização”, frisou.

 

Apoio de players e novos modelos Scania

 

 

Entre os apoiadores da iniciativa está a Rumo Logística, uma das maiores operadoras ferroviárias do Brasil. A companhia destacou a importância da descarbonização na cadeia produtiva para impulsionar a competitividade dos clientes. “A complementaridade entre o modal ferroviário, que por essência já tem menor pegada de carbono, e o rodoviário, ao substituir o diesel pelo gás, reduz substancialmente as emissões e alavanca todos os elos da cadeia”, comentou Eudis Furtado, vice-presidente comercial & de novos negócios da Rumo.

 

Alex Nucci, diretor de vendas de soluções da Scania Operações Comerciais Brasil, comemorou a parceria inédita e a mais completa nesses cinco anos de vendas pioneiras de caminhões movidos a gás e ou biometano no Brasil. “Estamos avançando para um passo muito concreto e fundamental para o futuro do modal a gás no transporte de cargas por caminhões. É uma estrutura pronta para reduzir emissões e tornar as frotas mais sustentáveis”, observou. Lembrou que, desde 2019 quando iniciou as vendas, a Scania já negociou 1.400 unidades. “Acreditamos que o caminhão a gás seja o ideal nas rotas de 200 a 600 quilômetros”, salientou.

 

A primeira linha de caminhões movidos a gás natural (comprimido), liquefeito (gnl) e/ou biometano (100% sustentável) foi lançada em 2018. Em 2024, a Scania apresentou o novo caminhão a gás de 460 cavalos e autonomia de até 650 quilômetros, o GH 460 6×2. A autonomia superior de até 650 quilômetros permite atender a todos os segmentos do agro. Também adicionou a potência de 420cv em substituição à 410cv.

 

Os modelos poderão ser configurados nas trações 4×2, 6×2 e o 460 também na estreante 6×4. O GH 460cv a gás chama a atenção pelos dois novos cilindros de gás, desta vez atrás da cabine. Além dos oito cilindros laterais tradicionais, foi ampliada a autonomia justamente com mais dois.

 

O motor de 13 litros desenvolve torque de 2.300Nm. O entre-eixos é reduzido a 3.600mm, que permite o acoplamento a semirreboques de até 15,40m, costumeiramente chamados de “carretas 30-pallets”, além de aumento na capacidade de gás para até 270 metros cúbicos. A empresa projeta que nos próximos cinco anos de 10% a 15% dos caminhões vendidos serão a gás.

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