Com o resultado, Brasil recupera a 8ª posição no ranking global
Roberto Hunoff
Foto Banco de Imagens
A produção total de 2,550 milhões de autoveículos representou alta de 9,7% na comparação com 2023 e fez com que o Brasil retomasse da Espanha o posto de oitavo maior produtor de veículos em 2024. O levantamento é da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Nos emplacamentos, o fechamento foi de 2,635 milhões de unidades, volume 14,1% mais alto que o do ano anterior, e bem superior à média global, que foi de pouco mais de 2%. Nenhum grande mercado do mundo cresceu tanto quanto o brasileiro em 2024. Esse foi o maior aumento no ritmo de vendas internas desde 2007.
O fato mais representativo de 2024 foi que a soma de vendas de novos e usados chegou à marca de 14,4 milhões de veículos leves, maior resultado na história do país. “Claramente, há uma demanda reprimida por transporte individual que vem sendo atendida de forma crescente, graças às melhores condições de crédito. Se essas condições melhorarem e se houver uma política de renovação de frota, mais pessoas poderão optar por veículos 0km”, afirmou o presidente Márcio de Lima Leite. No ano passado, houve alta de 36% das concessões de crédito para financiamento de veículos novos e usados.
As exportações de dezembro confirmaram o forte viés de alta do segundo semestre, que compensaram o fraco desempenho do primeiro e praticamente igualaram o resultado de 2023, indicando que este ano será de recuperação nos embarques. Ao todo, 398,5 mil autoveículos foram enviados para outros países. Argentina e Uruguai foram os destaques em termos de crescimento, a ponto de compensar as quedas de envios para todos os outros países da América Latina.
Já as importações tiveram o melhor período entre os últimos 10 anos, com 466,5 mil emplacamentos, alta de 33% impulsionada pela entrada maciça de eletrificados, em especial da China. “Neste ano é preciso reequilibrar os volumes de exportações e importações, de forma a evitar um novo déficit na balança comercial, como ocorreu em 2024. Temos um Imposto de Importação muito baixo para elétricos e híbridos, o menor entre países que fabricam veículos, o que nos torna um alvo preferencial de empresas importadoras, em prejuízo do parque industrial e dos empregos locais”, observou. O avanço dos importados no total licenciado tem sido anual. De 12% em 2021 passou 17,7% no ano passado.
Caminhões
O mercado nacional absorveu 129,9 mil caminhões novos, alta de 15,7% na comparação com 2023. Para o mercado externo foram enviadas 17,9 mil unidades, crescimento de 5,6%. A produção total de 142,3 mil veículos representou incremento de 40,5%. A Volkswagen liderou o mercado interno com 31.328 licenciamentos, expansão de 16%. O segmento de pesados avançou 18%, chegando a 62.876 licenciamentos, praticamente a metade do mercado, e crescimento de 18%.
Ônibus
A venda de chassis de ônibus cresceu 9,8% internamente, com 22.435 unidades, e teve queda de 3,1% nas exportações, para 4.822 embarques. A produção total de 27.749 chassis representou incremento de 34,7%. Mesmo com recuo de 17,5%, a Mercedes-Benz manteve a liderança no mercado interno com 9.277 licenciamentos.
Comerciais leves
As vendas internas de comerciais leves avançaram 18,3%, para 538.870 unidades, enquanto as exportações somaram 80,1 mil embarques, alta de 8,6%. A produção total da indústria foi de 485,6 mil veículos, incremento de 15,2%. Modelos Fiat seguiram na liderança, com 230.932 unidades, aumento de 15,7%.
Combustíveis
Ainda que com participação muito baixa, os combustíveis alternativos começam a ganhar mais mercado nos segmentos de veículos de cargas e passageiros. Os veículos elétricos somaram 845 licenciamentos, alta de 82%, e os movidos a gás, 291, incremento de 95%. Na soma, representam 0,8% do total licenciado; em 2023, o índice era 0,5%.
Agenda prioritária para 2025
– Ampliar o mercado interno e a produção, retomando o patamar de 3 milhões de unidades vendidas até o próximo ano
– Reequilibrar a balança comercial, ampliando as exportações e contendo o excesso de importações
– Qualificar compras públicas de máquinas e veículos sem prejuízo à indústria local, ao emprego e à inovação
– Promover a descarbonização com foco na matriz energética e nos recursos brasileiros, com participação destacada do setor na COP 30, este ano em Belém (PA)
– Reforçar o laço com os trabalhadores brasileiros em termos de capacitação e ambiente de trabalho
– Criar uma política perene de renovação da frota com foco na sustentabilidade e na segurança
– Priorizar o desenvolvimento e a produção de novas tecnologias no Brasil