Entre os temas, lideranças do setor trataram sobre expectativas para o ano, condições de crédito e custos de combustíveis e mão de obra
Redação TranspoData
Foto Banco de Imagens
A CNT (Confederação Nacional do Transporte) apresentou, nesta semana, ao Departamento Econômico da Diretoria de Política Econômica do Bacen (Banco Central), suas percepções sobre o desempenho do transporte e da economia brasileira. Entre os temas abordados no encontro estiveram o desempenho recente e as expectativas do setor para os próximos trimestres, a evolução dos custos com combustíveis e mão de obra, as condições de acesso ao crédito para a operação de transporte e ampliação e modernização das infraestruturas, o comportamento do câmbio e os possíveis impactos de novas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos.
Tema preocupante é o aumento da alíquota de IOF sobre as operações de financiamento das empresas e de risco sacado e antecipação de recebíveis, como duplicatas e contratos de frete. Desde o dia 1º de junho, as operações de risco sacado passaram a ser tributadas em 3,95%. Segundo a gerente executiva de economia da CNT, Fernanda Schwantes, as empresas utilizam esse tipo de operação para melhorar o fluxo de caixa e reduzir a dependência de empréstimos diretos com os bancos. “Com a nova tributação, o custo aumentou, prejudicando a liquidez das empresas do setor”, alertou.
Renovação da frota é prioridade
Um dos pontos centrais da agenda da CNT foi a necessidade de renovação escalonada da frota de veículos pesados. A entidade defende a substituição gradual de caminhões com mais de 25 anos, tanto por questões de eficiência quanto pelos benefícios ambientais.
A CNT estima que seriam necessários cerca de R$ 262,88 bilhões em investimentos para substituir a frota antiga por veículos novos de capacidade equivalente. Destaca, ainda, que muitos transportadores não conseguem acessar crédito para esse tipo de renovação, principalmente porque as linhas de financiamento, como o Finame/BNDES, são voltadas apenas para veículos novos, excluindo a possibilidade de aquisição de usados.
Impacto das tarifas americanas
A reunião também discutiu os efeitos das novas tarifas de importação anunciadas pelos Estados Unidos, em vigor desde o dia 4 de junho, elevando de 25% para 50% as alíquotas sobre aço e alumínio. Embora ainda não haja um normativo legal, o anúncio já gera preocupação no setor transportador brasileiro. Os Estados Unidos respondem por 86,1% das exportações brasileiras de ferro fundido e por 79,2% de aço e outros semimanufaturados de ferro. Para a diretoria da entidade, a medida pode afetar diretamente as cadeias produtivas e logísticas nacionais.
Essa foi a segunda vez em que a CNT participou desse tipo de encontro com o Bacen. O encontro faz parte da iniciativa do organismo de manter diálogo direto com representantes do setor produtivo não financeiro com o objetivo de aprimorar o acompanhamento da conjuntura econômica do país. Também representaram a entidade os economistas Carlos Eduardo Espinel e Ana Luísa Normando e o chefe de gabinete da presidência, Igor Fernandes.