Paranaguá consolidou crescimento de 2% no ano passado, com a maior movimentação de cargas da sua história
Redação TranspoData
Foto Porto de Paranaguá, Divulgação
O Governo do Paraná vem investindo em uma série de melhorias estruturais para ampliar a capacidade de envio de mercadorias para o exterior. Entre os compromissos do estado para fortalecer a economia está a expansão dos portos e ferrovias, medidas que devem impactar diretamente o transporte rodoviário de cargas (TRC). Em 2024, o Porto de Paranaguá movimentou o recorde de 66.769.001 toneladas, crescimento de 2,1% na comparação com o ano anterior.
Luiz Gustavo Nery, diretor de transporte contêineres e portos do Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas no Paraná (Setcepar), enfatiza que a crescente movimentação nos portos do estado tem reflexos diretos no TRC, tornando a cadeia logística mais dinâmica e exigindo maior capacidade operacional das transportadoras. Com a expansão da infraestrutura portuária e a modernização dos terminais, o volume de mercadorias transportadas segue uma tendência de alta.
De acordo com o especialista, esse cenário abre novas oportunidades, mas também impõe desafios às transportadoras. “O aumento do fluxo de cargas requer uma malha rodoviária em melhores condições, ampliação de frota, disponibilidade de motoristas qualificados e uma logística mais integrada a outros modais”, frisa.
Outro obstáculo que deve surgir no segundo semestre deste ano e impactar o TRC é a entrega do Moegão, no Porto de Paranaguá. Essa estrutura deve aumentar em 65% a capacidade de desembarque simultâneo de cargas por trem, que passará dos atuais 550 vagões diários para 900.
Segundo Nery, a expansão ferroviária interfere especialmente no escoamento de commodities agrícolas e cargas de grande volume. Conforme o especialista, é possível que o modal rodoviário perca participação em algumas operações, reduzindo a demanda para transportadoras que tradicionalmente atendem esse segmento. “Essa mudança não precisa ser encarada como ameaça, mas como oportunidade para adaptação e crescimento dentro de um novo cenário logístico”, avalia.
O diretor ainda comenta que o transporte rodoviário pode se beneficiar dessa transformação ao fortalecer sua integração com a ferrovia, assumindo um papel estratégico no transporte de primeira e última milha, conectando produtores e terminais ferroviários com mais eficiência. “Dessa forma, em vez de perder espaço, o TRC pode evoluir e agregar ainda mais valor à cadeia logística”.
Em acordo à estratégia de revitalização, o Governo do Paraná está investindo R$ 6,4 bilhões para a triplicação da rodovia BR-277, que liga Curitiba ao Porto de Paranaguá, o que deve melhorar o tráfego na região em até 20% e reduzir o tempo de viagem e as despesas com manutenção, além de potencializar a economia de combustível.
Nery ressalta que para o setor rodoviário de transporte de cargas conseguir acompanhar esse crescimento, é fundamental que os investimentos se estendam além da infraestrutura. A qualificação da mão de obra e a otimização dos processos logísticos terrestres são essenciais para garantir a competitividade e a capacidade de atender com eficiência a essa nova demanda. Muitas transportadoras também enfrentam o desafio de expandir as frotas e modernizar os processos para acompanhar essa evolução. “A necessidade de uma integração mais eficiente com o transporte ferroviário exige ajustes nos processos de transbordo e sincronização de entregas, enquanto a burocracia e regulamentações ambientais e trabalhistas adicionam mais complexidade ao cenário”, comenta.
O especialista afirma que outro impacto positivo esperado com a triplicação da via é o aumento da segurança viária, pois a nova infraestrutura deve reduzir o risco de acidentes e proporcionar melhores condições de trabalho para os motoristas. “Uma rodovia mais eficiente torna o Paraná um destino ainda mais atrativo para novos investimentos, impulsionando o setor de transporte e a economia da região”, projeta.